Notícias


Dia Internacional da Mulher pauta o 36º Congresso Estadual dos Jornalistas

Jornalista e cientista política, feminista e coordenadora da ONG Coletivo Feminino Plural, Telia Negrão acredita que o Brasil não tem hoje um veículo de mercado que possa ser tratado como imprensa feminina. Para ela, as publicações não passam de “um catálogo de vendas entremeado por artigos”. Em uma construtiva conversa ao telefone, a painelista do 36º Congresso Estadual dos Jornalistas, que acontece nos dias 7 e 8 de março na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, apresentou sua opinião sobre assuntos que envolvem a questão de gênero.

 

“No geral, o que a imprensa feminina faz é aprofundar estereótipos” afirma ao falar sobre a linha editorial do jornalismo que diz representar as mulheres. Entendendo que a mídia não acompanhou os avanços sociais do movimento feminista, a jornalista destaca a importância em debater o tema “Gênero e a Responsabilidade Social da Imprensa”, para observar o tratamento que os meios de comunicação dão às mulheres dos diferentes segmentos sociais e as suas questões específicas. O painel está marcado para o sábado, dia 8, às 9h, quando se intensificam as discussões sobre mais um Dia Internacional da Mulher. Telia vai dividir a mesa com a também jornalista Mari Martinez, da Marcha Mundial das Mulheres.

 

Pesquisadora da mídia e do ciberespaço, a entrevistada conta que realiza acompanhamentos periódicos de materiais sobre o gênero feminino publicados por diferentes veículos. “A priori penso que as mulheres têm sido vistas de duas formas: os estereótipos sobre que tipo de mulher serve para estar representada na mídia e, por outro lado, a partir do tratamento das histórias individuais que tentam se transformar em histórias coletivas”, comenta. Esse entendimento se dá pelo que constatou a partir de suas observações. No noticiário do dia a dia, por exemplo, são repassadas denúncias, que partem geralmente de algum dado do poder público. A mulher é então utilizada como um modelo confirmatório. A jornalista encara a situação como um problema ético do exercício da profissão, onde a investigação do fato é substituída pela simples confirmação do mesmo.

 

A representação social da mulher é vista por Telia como um fenômeno que exige a exposição de suas particularidades, oposto ao que é praticado com os homens. “Ou ela está na posição de vítima ou é superpoderosa. A mulher comum não existe para a mídia”, critica, ao citar exemplos de tratamento dispensado a mulheres que atuam no cenário político nacional.

 

A palestrante defende a mudança nos currículos escolares, em especial nas faculdades de comunicação, para que os futuros profissionais da área tenham condições de refletir com maior profundidade sobre o que escrevem, perguntam ou deixam de perguntar. “Vemos um jornalismo muito pobre, que não trata de temas importantes. Precisamos trabalhar a formação dos profissionais com pensamento crítico permanente”, ressalta.

 

Para finalizar seu raciocínio sobre a visão que atualmente tem da imprensa, Telia Negrão diz esperar que os jornalistas possam enxergar além das relações com o mercado e o governo, para assim promover a aproximação das redações com os movimentos sociais, que são iniciativas da sociedade civil organizada com potencial para propor projetos diversificados na área da comunicação.

 

Sobre o congresso

 

Com o tema “O Jornalismo, o Jornalista e a Democracia”, 36º Congresso Estadual dos Jornalistas irá debater a contribuição dos profissionais da comunicação para a construção de um estado democrático. Os interessados em participar podem entrar em contato com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) através do e-mail sindjors@jornalistasrs.org informando o nome completo, empresa em que atua ou instituição de ensino e telefone para contato.

 

Estudantes e sócios em dia com o Sindicato estão isentos do pagamento. Para profissionais não sindicalizados o investimento é de R$ 20,00. O valor pode ser quitado na abertura do evento ou depositado na conta do SINDJORS, que pode ser obtida em contato telefônico junto ao sindicato. Aqueles que optarem por esta modalidade devem apresentar o comprovante de depósito durante o credenciamento.

 

Teses e orientações

 

As teses deverão ser enviadas para o e-mail sindjors@jornalistasrs.org até 28 de fevereiro de 2014. Participam das plenárias os jornalistas sindicalizados e em dia com suas mensalidades, devidamente inscritos até as 9h do dia 8 de março.

 

Em comunicado, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) informa que os sindicatos poderão emendar as teses-guias com propostas aditivas ou supressivas (enviar somente os trechos e/ou propostas que se quer acrescentar ou suprimir), ou substitutivas (tese completa, com Justificativas e Propostas, somente se for substitutiva às teses-guia da FENAJ ou teses avulsas).

 

 

Fonte: Imprensa/SINDJORS

 

Publicada em 26/02/2014 22:37


Copyright © SINDJORS. Todos os Direitos Reservados.