“O maior prejudicado com isso é a nossa sociedade”, enfatizou o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (SINDJORS), Milton Simas, sobre a produção de notícias falsas, durante a abertura do debate Fake News: A antiética na comunicação. O evento ocorreu na noite dessa quarta-feira, dia 27, na Assembleia Legislativa, que se juntou ao Sindicato para desenvolver atividades alusivas aos 75 anos deste.
“Talvez a audiência, hoje, não esteja em busca de verificação, mas de validação”, constatou o jornalista Alexandre Elmi, que já trabalhou na redação do jornal Zero Hora e foi professor na Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do RS (PUCRS).
O profissional trouxe um dado assustador. Apenas no mês de junho deste ano, cerca de 12 milhões de pessoas difundiram notícias falsas sobre política no Brasil, de acordo com levantamento do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai) da Universidade de São Paulo (USP). O alcance pode chegar a praticamente toda a população brasileira, caso considerada a média de 200 seguidores por usuário. O dado é resultado de um monitoramento com 500 páginas digitais de conteúdo político falso ou distorcido.
“É como se a política brasileira fosse uma disputa de velhinhas de Taubaté”, brincou o jornalista e sociólogo Marcos Rolim, atual coordenador de Comunicação Social do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul. “Em via de regra, os discursos não têm amparo em evidências”, lastimou.
Conforme apontamento de Rolim, a produção industrial de notícias falsas dá dinheiro. Ele também falou sobre a gravidade do que está ocorrendo. “O discurso de ódio prepara a prática de ódio”, alertou o profissional, que foi enfático ao afirmar que vivemos “em um estado de coma intelectual”.
A presidenta do Conselho Nacional de Ética da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Vera Daisy Barcellos, ressaltou a importância do Código de Ética da categoria e o papel de extrema relevância do jornalismo: “a comunicação é um direito humano que não pode ficar dissociado dos direitos fundamentais”.
Imprensa / Sindjors