Frustração e insatisfação com a falta de respostas concretas. Esses foram os sentimentos externados pelo delegado regional do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (SINDJORS), Roberto Carlos Dias, após sair de audiência na manhã desta terça-feira, dia 19 de abril, com a atual secretária da Cultura de Caxias do Sul, Gabriela Giovanardi Dozza.
O dirigente sindical foi em busca de respostas para solicitação feita à então titular da pasta, a jornalista Rubia Frizzo, em 26 de junho de 2015. Naquela ocasião, acompanhando de jornalistas, Roberto Carlos apresentou proposta onde solicitava que a assessoria de imprensa em projetos culturais contemplando pelo Financiarte ou LIC fosse de exclusividade de jornalistas formados e diplomados. Na ocasião, Rubia chamou sua equipe jurídica e solicitou que fosse encaminhado pedido de parecer à Procuradoria Geral do Município. Ela esperava ter o retorno em até 60 dias, se comprometendo a chamar o SINDJORS para informar o resultado.
Quase um ano se passou e a Secretaria da Cultura ainda não tem uma resposta concreta para a demanda. A atual gestora argumentou que, como assumiu há pouco tempo, não teve tempo de se inteirar das demandas da pasta, embora na solicitação da audiência desta quinta tenha sido encaminhada a pauta do que se tratava ainda na semana passada. Ela lamentou não ter ido atrás, mas acredita que a PGM já deve ter emitido parecer.
Com a demora no encaminhamento, novo edital do Financiarte está aberto e não houve qualquer alteração para tornar obrigatória a prestação de assessoria de imprensa por jornalistas formados. Hoje, com essa situação sem regramento, muitos projetos culturais contemplados com recursos públicos contam com profissionais de outras áreas ou até mesmo sem curso superior prestando assessoria de imprensa, prerrogativa prevista em currículo de cursos de Jornalismo como exclusiva de formados nesta área do conhecimento.
“É muito frustrante, porque estamos há quase um ano pleiteando essa alteração como política pública e não conseguimos avançar. Entristece-nos, porque parece um descaso com a luta de valorização da nossa categoria para combater a precarização nesta área”, lamentou Roberto Carlos, lembrando do avanço da categoria com o prefeito Alceu Barbosa Velho, que prontamente atendeu ao pedido do SINDJORS para a realização de concurso público para jornalistas atuarem na prefeitura de Caxias do Sul.
A sugestão da atual secretária Gabriela foi de que a proposta fosse encaminhada por meio de uma comissão recém-eleita pelo Conselho de Cultura que está promovendo revisões nas legislações da LIC e do Financiarte. Apesar de concordar com esse encaminhamento, o dirigente sindical reforçou que gostaria de ter acesso ao parecer da PGM para se reunir novamente com o prefeito e a coordenadora de comunicação da prefeitura e primeira-dama, Alexandra Della Giustina Baldisserotto, a quem o dirigente também já apresentou a proposta e informou dos encaminhamentos que estavam sendo feitos com a Secretaria da Cultura.
O mesmo caminho deve ser percorrido novamente para conversar com o vice-prefeito Antônio Feldmann, que também é jornalista e igualmente já foi informado da luta do sindicato neste sentido. “Vamos tentar localizar esse parecer da PGM. Já deve estar concluído. Assim que tivermos em mãos comunicaremos o resultado do parecer jurídico”, comprometeu-se Gabriela.
Proposta apresentada em Caxias transformou-se em tese da Fenaj
A indignação do delegado regional do SINDJORS, Roberto Carlos Dias, faz sentido, dado à projeção nacional que o tema iniciado em Caxias do Sul alcançou. O jornalista sindical transformou a proposta em tese do SINDJORS, que foi submetida à apreciação e votação 1° Fórum Gaúcho de Assessoria de Imprensa para o Setor Público. O evento faz parte da programação do Encontro Estadual de Jornalistas em Assessoria de Imprensa (Eejai) promovido pelo Sindicato dos Jornalistas em setembro de 2015.
Na tese, Roberto Carlos defendeu a contratação de jornalistas formados para prestar assessoria de imprensa para projetos, como Financiarte e Fundel, prevista em editais, bem como a defesa de concursos públicos para jornalistas em poderes como Executivo e Legislativo.
A tese foi aprovada por unanimidade no Estado e se transformou na única tese a ser apresentada pelo SINDJORS no XX Encontro Nacional de Jornalistas em Assessoria de Imprensa (Enjai), realizado no mês de outubro de 2015 em Fortaleza, no Ceará. Na ocasião, a tese foi aprovada por unanimidade por mais de 200 jornalistas de todo o Brasil que participavam do Enjai e, desde então, passou a ser uma das lutas da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
